9 de dezembro de 2012

A veia que eu desconhecia


Vou recordar para sempre o dia 1 de Dezembro de 2012. Não por já não termos este feriado no próximo ano mas porque foi a minha primeira experiência oficial como autora, neste caso, de haiku

Para quem não sabe, e citando a Prof. Leonilda Alfarrobinha, "um haiku é um pequeno poema constituído por dezassete sílabas distribuídas por três segmentos métricos de cinco, sete e cinco sílabas (...) É um dos mais notáveis géneros poéticos da literatura universal e, possivelmente, aquele que apresenta a forma de expressão mais breve e concisa".

Apesar da simplicidade na forma, um haiku é dotado de uma essência rica. Este poema "nasce de um acontecimento vivenciado, surge a partir de um momento concreto que se viveu e que impressionou os nossos sentidos e o nosso espírito". Nele, são visíveis determinadas qualidades: "a sensibilidade relativamente à natureza, a delicadeza e o respeito por tudo o que é frágil, o despojamento e a riqueza interior, a sobriedade e o requinte, a leveza proveniente da inconstância e da mudança presentes no mundo".

A iniciativa, intitulada "Haiku - 43 poemas a Lisboa", esteve a cargo da Câmara Municipal de Lisboa, através do Departamento de Acção Cultural, em conjunto com a Embaixada do Japão. Podia escrever-se tanto em português como em japonês, e os poemas seleccionados passariam a fazer parte de um pequeno livro distribuído à entrada do Teatro Turim, o local onde decorreu o evento.




Cada autor leria o seu poema seleccionado. Houve quem tivesse lido outros da sua autoria, falado da sua experiência como escritor, explicado o significado dos seus haiku, enfim. Tal como constatou a Carolina Vargas, a variedade de pessoas naquela sala foi, de facto, o mais interessante desta iniciativa. Quem mais me surpreendeu foi um homem de 85 anos. A tremelicar, subiu ao palco e declamou o seu poema escolhido e mais alguns. A descer, quase caiu. Era de Letras, e só há pouco tempo se tinha deparado com um género de poesia que lhe era desconhecido. Uma pessoa de idade com uma mente aberta. Um exemplo.

Eu arrisquei com um grupo de cinco poemas, dentro dos quais um estava escrito com caracteres. Não vou colocá-lo aqui por o considerar fraco mas apresento-vos os outros:

Sete colinas
Cidade protegida
Pela oração

Casa de fados
Cantam-se os anseios
Há liberdade

Crise! Contudo
Joga-se à macaca 
Nesta calçada

Tu abraças-me
De barco ou a sonhar
Amo-te, Tejo




Foi o último da lista que integrou a compilação, e qual foi o meu espanto quando, à chegada, recebi uma folha quadrada que era nada mais nada menos do que a folha do livro com o meu poema ampliada. Escusado será dizer que, a esta hora, a dita cuja já está emoldurada na parede.

Como lembrança, também foi entregue a cada participante um poster da cidade de Kyoto coberta de neve, ou não estivesse a Embaixada do Japão envolvida nesta iniciativa literária. Muito obrigada ao povo nipónico por se mostrar sempre tão generoso neste tipo de eventos.

Estou bastante feliz, orgulhosa e agradecida por ter marcado presença naquela manhã cultural. Sem o apoio e a companhia da minha mãe e da minha irmã, não teria sido tão maravilhoso, por isso, obrigada. E também gostei imenso de ter encontrado a Carolina, cujo haiku foi altamente apreciado. Aproveito para informar que, sobre o mesmo assunto, podem ler a mensagem dela aqui.

Que para o ano haja mais iniciativas que nos encham o espírito e nos coloquem em comunhão com outros povos e outras culturas, é um dos meus desejos para 2013.

25 de novembro de 2012

Katekyo Hitman Reborn!


Género(s): Acção, Comédia, Máfia, Shounen

Número de episódios: 203

Ano: de 07/10/2006 a 25/09/2010

Classificação pessoal: 7/10


Este anime chamou-me logo à atenção e a curiosidade levou-me a pesquisar por imagens sobre a série. Na verdade, vi nelas uma certa semelhança com o estilo de desenho de Shaman King, que me atraiu pelas mesmas razões, e da qual gostei bastante. Apesar de ter um início vagaroso e, de certo modo, enfadonho, quando a verdadeira história começa, pode dizer-se que o nível de emoção está perto do de Naruto ou Bleach. Além disso, trata de uma temática que era nova para mim no mundo dos anime: a Máfia.

Tsunayoshi Sawada, ou Tsuna, é um miúdo que não tem jeito para nada e atrai todo e qualquer tipo de azar. Não é à toa que ele é conhecido por dame-Tsuna, sendo dame a palavra que melhor expressa a negação em japonês. Certo dia, Tsuna é surpreendido por Reborn, um tutor BEBÉ que quer fazer dele o sucessor da família Vongola, da MÁFIA italiana. Missão aparentemente impossível e que Tsuna, inicialmente, nem leva muito à sério. No entanto, à medida que o tempo vai passando e graças às instruções de Reborn, o rapaz vai evoluindo e, com a ajuda de colegas da escola e de membros de outras famílias, acaba por se tornar corajoso, forte e determinado. Alguns desses companheiros acabam por integrar os Vongola, passando a fazer parte da Família que Tsuna quer e deve proteger.




Numa primeira fase da série, depois de derrotarem o gangue de Kokuyo, um grupo de criminosos que atentavam contra a Máfia, Tsuna e o grupo são obrigados a enfrentar os Varia, uma elite independente dos Vongola, composta por assassinos notáveis. O líder dessa equipa, Xanxus, ambiciona ser o décimo boss da família, objectivo que ele vê usurpado por Tsuna. Nessa luta de duelos, está em jogo um tesouro: os sete anéis Vongola, que evocam poderes de diferentes elementos da natureza.




Passado este desafio, acontece algo inesperado: os mafiosos são transportados para um futuro alternativo (a diferença de tempo é de, aproximadamente, dez anos), no qual a família Vongola e os seus companheiros são perseguidos pelos Millefiore, uma família possante, com meios para dominar o mundo, liderada por Byakuran.

Espero que este resumo vos faça querer ver Katekyo Hitman Reborn!, que é, de facto, um anime muito interessante. A esta série não falta humor, e mesmo tendo piadas repetitivas, estas são inteligentes e propositadas. A banda sonora também é muito boa (tem músicas que nos lembram a Máfia por causa do som do trompete, e uma ou outra sugerem Dragon Ball Z ou o jogo Persona 3) e as batalhas são rápidas e fascinantes, como em Bleach. Até há mais três parecenças com este anime: a utilização de um idioma estrangeiro para denominar os personagens e os espaços (o que, neste caso, faz todo o sentido), a originalidade dos personagens e a fisionomia dos dois vilões da família Millefiore com dois de Bleach. Fica aqui a comparação:



Katekyo Hitman Reborn!



Bleach


Só uma nota: foi realmente divertido quando me deparei com o nome Cappuccino num personagem.

Ana


Existe uma música na banda sonora de um anime que adorei (Clannad) que se chama Ana! Não podia deixar de a partilhar por este motivo, mas também porque a música é muito bonita, profunda e emocionante. Fala da preciosidade de um lugar que, apesar da mudança a que inevitavelmente está sujeito, não deixa de ser o lugar. Podem ouvi-la aqui e acompanhar a letra:


Ana


The place changes and goes. Like a wind, like clouds.
Like the traces of the heart, no halt at the place.

The place is so far away. Be far apart.
People's hand does not reach, so merely has the worship.

The place is a lofty lord. Can't meet nobody put on.
We will lose the place so lofty which changes.

Not all were desired. However, we're never sad.
Still, there is still the place. Far away. far away.

The wind blows through the place. An endless, with all.
Like the ripple float on the water, it blows as it goes.

The place is not make at all. Nothing is shown.
Like the sand clasped by hand, it falls vainly.

The place is a profound lord and wear the vain faint light.
But we will find it in the place, the hut at which it stands still.

If not concerned with all, it will maintain that "no dye".
Therefore, there is still the hut. It's lonely, solitary.

No halt at the wind and soars to the sky.
Like the verdure meets with sunrise, it grows up as reborn.

The hut has held new one that's different from all.
Like the sand castle of the children, but realized with the mind.

The person is a vain statue where taciturnity calm.
Still, we will know a huge flow. It is stopped by nobody.

Soon, the wind where is the snow cloud will be dyed to snow-white.
Summer grass will incline. No sunlight, feebly shade.

The place buried in deep snow, like the collapsing castle.
Like the head of the shade figure, will be thrown away.

The hut buried in deep snow, it sinks in to the flood.
And the "not dyeing" is dyed out and waits for a oppose one.

Even if all are healed, be gonna no return.
There is still the place. Far away, far away.

The place changes and goes. Like a wind, like clouds.
Like the traces of the heart, no halt at the place.

The place is a lofty lord. Can't meet nobody put on.
Still, there is still the place. Far away, far away.





Julgo que há pequenas falhas a nível sintáctico mas isso, por vezes, acontece nas músicas cantadas em inglês por japoneses.

Parábola do samurai


Um samurai grande e forte, de índole violenta, foi procurar um monge pequenino.
- Monge, ensina-me sobre o Céu e o Inferno! - disse numa voz acostumada à obediência imediata.
O monge miudinho olhou para o terrível guerreiro e respondeu com o mais absoluto desprezo:
- Ensinar-te sobre o Céu e o Inferno? Não te poderia ensinar coisa alguma. Tu estás imundo. O teu cheiro é insuportável. A lâmina da tua espada está enferrujada. És uma vergonha, uma humilhação para a classe dos samurais. Desaparece da minha vista! Não consigo suportar a tua presença execrável.
O samurai enfureceu-se. Estremecendo de ódio, o sangue subiu-lhe ao rosto e ele mal conseguia balbuciar uma palavra de tanta raiva. Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e preparou-se para decapitar o monge.
- Isto é o Inferno - disse o monge mansamente.
O samurai ficou pasmado. A compaixão e absoluta dedicação daquele pequeno homem, oferecendo a sua própria vida para lhe ensinar o que é o Inferno! O guerreiro foi lentamente baixando a espada, cheio de gratidão, subitamente pacificado.
- E isto é o Céu - completou o monge, com serenidade.

História zen budista


Foi por acaso que li esta história e não me passou despercebida. Identifico-me, em grande parte, com os ensinamentos desta filosofia de carácter espiritual. E, como não podia deixar de ser, há uma lição a retirar deste pequeno texto.


Lisboa & Tóquio


Há três anos, aproveitei para dar uma espreitadela à exposição "MIRRORCITIES", que teve lugar no Museu do Oriente e a duração de um mês.

A ideia do projecto foi excelente: pôr lado a lado fotografias de duas cidades tão diferentes, que reflectissem o que entre elas fosse semelhante, antagónico ou peculiar, tendo como base um determinado tema. A escolha dessas mesmas cidades foi o que tornou este trabalho, na minha opinião, realmente interessante. Foram elas: Lisboa e Tóquio. As autoras do projecto referiram que de nenhuma das cidades se procurou obter um retrato fiel, ou realista, mas antes impressionista e particular, e isso está bem patente na reflexão fotográfica sobre o dia-a-dia destas cidades geograficamente tão distantes.



"Pétalas coloridas"



"Corvos"


"Casais"


"Miúdos da escola"


"Doces"


"Pão"


Para mim, valeu a pena uma horinha de uma tarde de sábado passada no Museu do Oriente com a minha irmã e os meus pais. É sempre agradável respirar cultura e alargar conhecimentos. E, porque fui lá, soube da existência do blogue mirrorcities, onde se pode saber mais sobre as autoras e ver todas as 150 fotografias (no Museu, estavam expostas, aproximadamente, trinta, mas em tamanho grande).

Tal como escrevi no caderno de opiniões, deixo aqui os meus parabéns pela iniciativa. Só tenho pena que algumas fotografias estejam desfocadas. No entanto, sei que não estou em posição de exigir ainda mais qualidade de um trabalho que surgiu de um projecto pessoal, cujo reconhecimento da parte do público fez com que ganhasse o mérito que tem hoje e ultrapassasse os limites da sua esfera de origem.

Espero que, no futuro, haja mais projectos que, tal como o "MIRRORCITIES", nos aproximem da cultura dos nossos amigos nipónicos.

5 de novembro de 2012

beyond kawaii


No dia 29 de Outubro de 2009, tive a oportunidade (maravilhosa) de desfrutar do evento "beyond kawaii - animação e pintura", promovido pela Embaixada do Japão em Portugal, em conjunto com a Universidade Politécnica de Tóquio. O motivo principal para a sua existência foi, tal como refere o nome e segundo o director do "beyond kawaii", Taku Furukawa, mostrar, em termos de arte, o que está para além da expressão kawaii (que significa queridogirobonito), tão banalizada, mesmo no Ocidente. Para isso, através de uma aplicação peculiar dos conhecimentos, surge o expressar de emoções e sentimentos como forma de comunicação.






Este evento passou pelas cidades de Coimbra, Porto e Lisboa. Na capital, onde pude assistir, teve lugar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Cinco jovens japoneses, com um futuro promissor na área da animação 2D ou 3D, deram a conhecer os seus trabalhos de final de curso, acompanhando a exposição com um comentário relativamente à peça de arte. Foram eles:

- Tomoyoshi Joko, com "Lizard Planet";
- Wataru Uekusa, com "Mukogaoka Chisato Was Only Gazing";
- Toshiki Nonaka, com "Socket";
- Amica Kubo, com "Bloomed Words";
- Hiroco Ichinose, com "Ushi-nichi".

Foi com um enorme prazer que apreciei cada obra de arte. Gostei particularmente do trabalho de Amica Kubo, pois a ideia-base do projecto estava incrível: extrair de uma conversa casual entre três amigos dois minutos e, a partir daí, fazer uma animação, em que havia um diálogo, surgindo dos personagens imagens que lhe estavam relacionadas.

Além disso, confesso que foi emocionante a fugaz interacção com estes jovens, que se fizeram acompanhar por uma intérprete (uma profissão que não me importava de ter) porque falavam japonês e não percebiam português. Muito mais do que emocionante: foi mesmo uma honra. Vestiam-se de uma forma peculiar e tinham jeitos e expressões faciais muito próprios, mas era isso que fazia deles kawaii (sim, eles também  o eram). Achei piada ao facto de dois dos jovens terem dito, com um grande sorriso, que tinham comido sardinhas.

No final, não só havia postais para trazer (felizmente, consegui um de cada, afinal, eram limitados), como também Wataru Uekusa, o único mangaka e o responsável pela imagem do folheto, se ofereceu para mostrar manga da sua autoria. Fiquei triste comigo mesma por não ter tido coragem/lata para lhe pedir.








Podem ampliar os postais para ver os sites dos autores.


A ida ao evento também valeu pela companhia (o meu amigo Miguel, que já não via há tanto tempo, e a minha amiga Cláudia, sempre pronta para qualquer aventura) e por uma informação preciosa: como, em 2010, fez 150 anos em que foi assinado o Tratado de Amizade entre Portugal e o Japão, foi garantida a organização de muitas actividades para celebrar.

Clannad


Género(s): Comédia, Drama, Seinen, Visual Novel

Número de episódios: 22

Ano: de 05/10/2007 a 21/03/2008

Classificação pessoal: 8/10


anime Clannad, que foi baseado num visual novel (jogo interactivo de ficção, cuja maior parte dos gráficos são estáticos, sendo a arte estilo anime) com o mesmo nome.

Nagisa Furukawa é uma rapariga tímida, desajeitada e insegura, que idolatra as mascotes Dango Daikazoku ("A Grande Família Dango"). Chumbou o ano, ao contrário dos seus amigos, e, por causa disso, está sozinha. Tomoya Okazaki, um aluno solitário, conhecido por ser delinquente e irresponsável (porque não se preocupa com os estudos e está sempre a chegar tarde), acaba por ter pena dela e aproxima-se para a ajudar. Inicialmente, desculpa-se ao dizer que ajudar Nagisa a formar um clube de teatro é uma maneira de passar o tempo, já que tem bastante, pois não está inscrito em nenhum clube cultural nem pratica desporto. Mas a verdade é que a relação de ambos torna-se, pouco a pouco, muito especial.




Os dois acabam por se aproximar de outras raparigas da escola: de Kyou e Ryou Fujibayashi, duas irmãs gémeas, que são o oposto uma da outra; do espírito de Fuko Ibuki, que faz tudo por tudo para que a irmã, Kouko Ibuki, não deixe de ser feliz por sua causa; de Tomoyo Sakagami, uma rapariga forte, que já tivera um comportamento desviante porque se envolvera em lutas violentas com gangues; de Kotomi Ichinose, uma amiga de infância que Tomoya já tinha esquecido, que tem uma inteligência inimaginável.

Youhei Sunohara, o melhor e único amigo de Tomoya, junta-se, também, a este grupo, no qual a amizade cresce cada vez mais, pois todos se ajudam mutuamente. É nesta amizade recíproca que a acção se baseia.

Gostei muito desta série. Apesar de ser um pouco repetitiva no início, rapidamente se torna emocionante. É um anime demasiado fofinho, mas a verdade é que uma série assim, de vez em quando, sabe muito bem.




Fica em falta o post sobre a continuação deste anime: Clannad After Story. Ainda é melhor do que a primeira série...

2 de agosto de 2012

D.Gray-man


Género(s): Acção, Aventura, Magia, Shounen

Número de episódios: 103

Ano: de 03/10/2006 a 30/09/2008

Classificação pessoal: 10/10




Final do século XIX. A destruição do mundo está eminente. Esse é o objectivo do Sennen Hakushaku ou Conde do Milénio. O clã Noah aliou-se a ele porque partilha os mesmos objectivos. No entanto, os seus membros nunca foram registados na História, apesar de serem vistos na altura de grandes mudanças.


Allen Walker, o personagem principal, é um rapaz de 15 anos. É um exorcista, ou seja, luta contra os Akuma ou demónios, cuja origem são almas chamadas ao mundo dos vivos pelos entes queridos. Na verdade, funcionam como armas do Conde do Milénio: quando alguém sofre por causa da morte de uma pessoa amada, ele surge, diz boa tarde e transforma a tristeza daquele ser em esperança porque a vítima acaba por acreditar que basta chamar pelo nome do ente querido para o fazer regressar à vida. Contudo, essa alma penada acaba por matar aquele que o invoca e transformar-se num Akuma.

A vida de Allen está marcada por uma experiência semelhante, bastante peculiar: tendo sido abandonado pelos pais, foi adoptado por Mana Walker. Depois de este ter morrido, Allen, torturado pela dor e pelo sofrimento, cedeu à proposta do Conde do Milénio e Mana ressuscitou em forma de Akuma. O demónio amaldiçoou o seu filho e atacou-o no olho esquerdo, fazendo uma cicatriz - a marca dos demónios. Foi a partir desse momento que o braço esquerdo de Allen revelou ser uma arma anti-Akuma que, instintivamente, destruiu Mana. Por causa do choque de ter matado o pai que tanto amava, os seus cabelos tornaram-se brancos. Além disso, após esta tragédia, Allen consegue ver as almas sofredoras, presas dentro dos Akuma porque o olho amaldiçoado lho permite.

Innocence é a arma dos exorcistas. Esta substância divina dividiu-se em 109 fragmentos que se espalharam pelo mundo após o grande dilúvio. Quando um destes fragmentos encontra um escolhido, isto é, alguém compatível, adquire uma forma única e peculiar, passando a servir como arma contra o Conde do Milénio.

No início da história, Allen viaja para Inglaterra e junta-se à Kuro no Kyoudan ou Ordem Negra, liderada por Komui Lee. Nesta organização, vive-se um ambiente familiar e é lá que Allen conhece Lenalee Lee, irmã de Komui, Yu Kanda e Lavi, todos eles exorcistas, apesar de este último ser o futuro Bookman, cujo dever primordial é registar os acontecimentos. A missão daqueles que possuem a Innocence é eliminar o Conde do Milénio e derrotar os Akuma, purificando as suas almas, ou encontrar mais exorcistas.




Esta série, cuja história original é da autoria de Katsura Hoshino, está no topo das minhas preferidas. D.Gray-man define-se através do ambiente sombrio, dos demónios, das características das sociedades pós-Revolução Industrial, da magia e dos poderes sobrenaturais. Mas há mais: está carregada de simbolismo (talvez um dia faça um post sobre isso), assim como cercada por uma aura tanto mística como divina, pois os protagonistas são exorcistas - guerreiros ao serviço de Deus.

Vampire Knight


Género(s): Bishounen, Fantasia, Romance, Shoujo

Número de episódios: 13


Ano: de 08/04/2008 a 01/07/2008



Classificação pessoal: 7/10




Baseado numa manga shoujo de Matsuri Hino, este anime tem como principal enfoque a raça vampírica e a sua relação com os humanos.

Yuuki Cross, a filha adoptiva do director da Cross Academy, Kaien Cross, perdeu as suas memórias de infância. A única coisa de que se lembra, de há 10 anos atrás, é de ter sido atacada por um vampiro e de ter sido salva por Kaname Kuran numa noite fria de Inverno, em que a neve não parava de cair.

Dez anos após este incidente, Yuuki ajuda o seu pai a tornar real uma utopia: a coexistência pacífica entre humanos e vampiros. Para tal, juntamente com Zero Kiryuu (um amigo de infância, descendente de caçadores de vampiros, cuja família fora morta por um vampiro de sangue puro), desempenha a função de Guardião da Cross Academy, ou seja, não permite que os estudantes da Day Class (os humanos) saibam que as aulas da Night Class são frequentadas por vampiros.

O temido e respeitado Kaname Kuran, um vampiro de sangue puro, é o líder dos estudantes vampiros. Apesar de, perante os colegas, ter uma atitude fria e autoritária, diante de Yuuki, é simpático e carinhoso, zelando, sempre, pela vida da pessoa que mais ama no mundo. É detestado por Zero Kiryuu, não só por este alimentar um ódio incessante aos vampiros (por causa da tragédia do seu passado), mas também por ser um rival nos sentimentos respeitantes a Yuuki.

Na verdade, o motivo pelo qual existe a vivência de um amor profundo e sincero entre Kaname e Yuuki esconde-se, algures, no passado de ambos... E Zero, por carregar consigo uma consequência grave do ataque sofrido na infância, acaba por se aproximar mais de Yuuki e arrastá-la para situações perigosas...

Uma história em que o amor é vivido de forma profunda e sincera, não obstante repleta de mistério, paixão, ódio e sangue. A banda sonora de Takefumi Haketa adequa-se perfeitamente ao ambiente de toda a trama de Vampire Knight, desde os momentos tensos, de suspense e misteriosos, até à postura requintada dos estudantes da Night Class.

I'll show you a sweet dream next night...

9 de junho de 2012

Persona -trinity soul-


Género(s): RPG, Shounen

Número de episódios: 26

Ano: de 05/01/2008 a 28/06/2008

Classificação pessoal: 8/10




A história passa-se dez anos após os acontecimentos de Persona 3, em cidade de Ayanagi. A polícia investiga vários casos relacionados com o Apathy Syndrome, uma doença misteriosa que afecta, maioritariamente, os estudantes. Mas outras irregularidades ocorrem nesta cidade, localizada perto do Mar do Japão: o desaparecimento da tripulação inteira de um submarino; o regresso, após 10 anos, de uma rapariga fantasma, que causa perturbações a diferentes níveis; almas de pessoas em corpos que não lhes pertencem...

O chefe da polícia da cidade de Ayanagi é o mais velho dos irmãos Kanzato. Chama-se Ryou, e começa por demonstrar uma atitude fria e distante para com os seus irmãos mais novos, Shin, de 17 anos, e Jun, com 14, que regressam à cidade depois de uma longa ausência, para o ver. Na verdade, Ryou, embora desconhecendo pormenores, sabe que a cidade está a mergulhar, a pouco e pouco, num caos, onde governam o mistério e a confusão, e decide fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que os irmãos não se envolvam na situação.

Mas os seus esforços são em vão: Shin e Jun possuem, cada um deles, um Persona, logo, estão indirectamente ligados à batalha contra os Marebito, um grupo que utiliza as suas capacidades para roubar os Personas a outras pessoas, removendo-os e/ou danificando-os. Em suma, as vítimas dos Marebito são as pessoas às quais fora diagnosticado o Apathy Syndrome depois de terem sido atacadas.

Com o decorrer da acção, conclui-se que os acontecimentos misteriosos na cidade de Ayanagi estão relacionados com experiências científicas conduzidas por Keisuke Komatsubara (o líder dos Marebito), cujo objectivo é localizar todos aqueles que têm o potencial e que conseguem utilizar o seu Persona, roubar-lhos e fusioná-los num único corpo para conseguir criar o Persona perfeito.

Em relação à história, fico-me por aqui. Não é suposto, neste post, fazer um resumo detalhado de Persona -trinity soul-. Contudo, aproveito para dizer que esta série me surpreendeu pela positiva porque é muito emocionante e excitante. No entanto, não deixa de ser, de certo modo, complexa, dado que alguns assuntos, no decorrer da história, são abordados de forma abstracta, apresentando, como base de comparação, o conto escrito e ilustrado pelos pais dos irmãos Kanzato, Kujira no Hane (Penas de Baleia).

Um último cheirinho deste anime para aguçar o apetite: reaparecem dois personagens de Persona 3. Sem dúvida, é um must para todos os fãs deste jogo.

Nota: Os conceitos a negrito são, originalmente, do jogo Persona 3. Não os aprofundei por esse mesmo motivo.

8 de junho de 2012

Manifesto Anti-Fillers e Anti-Spoilers


BASTA PUM BASTA




Uma geração que consente deixar-se enganar por fillers e arrastar por spoilers é uma geração que nunca o foi! É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!

Abaixo a geração!

Morram os fillers e os spoilers, morram! - PIM!

Uma geração com fillers a cavalo é um burro impotente!

Uma geração com spoilers à proa é uma canoa em seco!

Os fillers são um ciganões!

Os spoilers são meio-ciganões!

Os fillers serão divertidos, serão emocionantes, serão atractivos, serão entusiasmantes, serão tudo menos episódios que é a única coisa que eles são!

Os spoilers pescam tanto das histórias que até fazem quem se depara com eles parecer sabichão!

Os fillers são úteis!

Os fillers são feios!

Os fillers são maus!

Os spoilers especulam e inóculam os concubinos!

Os spoilers são spoilers!

Os spoilers são porcos!

Morram os fillers e os spoilers, morram! - PIM!

Os fillers fizeram episódios de Naruto, que tanto podiam ser episódios de Bleach, ou episódios de One Piece, ou episódios de Rurouni Kenshin, ou episódios de Dragon Ball Z, ou episódios de Tsubasa Chronicle, ou episódios de Inuyasha, ou episódios de Slayers Next!

E os fillers tiveram claque! E os fillers tiveram palmas! E os fillers agradeceram!

Os fillers são uns ciganões!

Não é preciso ir para a net procurar spoilers, basta ser-se spoiler!

Não é preciso disfarçar-se p’ra se ser culto, basta procurar spoilers! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado e usar olhos meigos! Basta ser spoiler! Basta spoilar!

Morram os fillers e os spoilers, morram! - PIM!

Os fillers nasceram para provar que nem todos os episódios sabem ser episódios!

Os spoilers são uns autómatos que deitam p’ra fora o que a gente já sabe que vai sair… mas é preciso ver anime!

Os fillers são interessantíssimos!

Os fillers em génio nem chegam a pólvora seca e em talento são pim-pam-pum!

Os spoilers nus são horrorosos!

Os spoilers cheiram mal da boca!

Morram os fillers e os spoilers, morram! - PIM!

Os spoilers são o escárneo da consciência! Se os spoilers são portugueses, eu quero ser espanhola!

Os fillers são a vergonha da intelectualidade japonesa! Os fillers são a meta da decadência mental!

E ainda há quem não core quando diz admirar os spoilers!

E ainda há quem lhes estenda a mão!

E quem os procure!

E quem tem dó dos spoilers!

E ainda há quem duvide de que os fillers não valem nada, e que não sabem nada, e que nem são inteligentes, nem decentes, nem zero!

(…)

Morram os fillers e os spoilers! Morram! - PIM! 


Inspirado no Manifesto Anti-Dantas e por Extenso" de Almada Negreiros.

Nana (nana = 7)


Nome: Nana

Género(s): Drama, Josei, Música, Romance

Número de episódios: 47

Ano: de 05/04/2006 a 29/03/2007

Classificação pessoal: 10/10




Nana Komatsu é uma jovem japonesa de 20 anos. Alegre mas cuja inocência e ingenuidade a fazem deixar-se levar pelas circunstâncias, uma das suas principais características é apaixonar-se facilmente, situação que lhe provoca um grande desequilíbrio emocional. O anime Nana tem início com a partida desta personagem para Tóquio (depois de ter juntado algum dinheiro), com o objectivo de ir ter com os amigos e o namorado, que tinham ido para lá no ano anterior. Já no comboio, Nana senta-se ao lado de uma rapariga com estilo punk-rock que traz consigo uma guitarra. As duas começam a conversar e é então que se estabelece uma ligação entre duas pessoas que sempre estiveram unidas pelo destino: ambas se chamam Nana, têm a mesma idade e vão para Tóquio! Terminada a viagem, separam-se mas, inevitavelmente, acabam por se reencontrar no quarto 707 de um apartamento antigo porque ambas o querem alugar. Sendo assim, decidem morar juntas, não só pela empatia mútua que sentem, mas também para partilhar a renda.

No anime, chegado este momento, assiste-se, de seguida, ao passado das duas raparigas. Essencialmente, fica a conhecer-se a fraqueza Nana Komatsu no que diz respeito às relações amorosas e o modo como conheceu e passou a namorar Shouji Endou, e que Nana Osaki era a vocalista dos Black Stones (Blast), uma banda de rock sem projecção, sendo responsáveis pela bateria e guitarra, respectivamente, os seus amigos Yasushi Takagi (Yasu) e Nobuo Terashima (Nobu), e pelo baixo, o seu namorado e eterno apaixonado, Ren Honjo. A banda teve que ter um fim quando Ren decidiu aceitar o convite dos Trapnest, uma banda mais de estilo pop. Nana Osaki, orgulhosa, independente, determinada e corajosa, toma a decisão de não fazer o papel da mulher do Ren porque deseja lutar com todas as suas forças pelo seu maior sonho: a música, sendo essa a razão por que não acompanha Ren para Tóquio.

O que é que Nana Osaki pretende fazer em Tóquio? Que surpresas esperam Nana Komatsu na capital? Como se desenvolverá a relação entre as duas amigas? Não planeio contar o resto da história; somente uma curiosidade: Nana Osaki dá à sua amiga o nome Hachiko (Hachi). Hachiko, no Japão, é um nome comum para cão e hachi significa 8. Isto tem uma razão de ser: não só pelo facto da simpatia e ingenuidade serem os pontos fortes da personalidade de Nana Komatsu, mas também pelo facto de, ao longo da série, Nana Osaki tratar a amiga como se fosse algo seu. Tal comportamento não é intencional; demonstra apenas que ambas se completam.

O que ainda tenho a dizer é que, a partir desta parte, o que se pode esperar é drama, romantismo, rivalidades, suspense, encontros e desencontros, e música. Nana retrata uma história da qual se subentende que o futuro está pré-determinado pelo destino por causa do que já foi referido acerca do encontro das jovens e da forte presença do número 7 (nana significa 7 e as raparigas vão morar para o quarto 707).

Recomendo vivamente o anime Nana, uma série que trata os temas abordados de forma profunda e que, ao mesmo tempo, tem uma banda sonora e cenários muito bons.

7 de junho de 2012

Tekkon Kinkreet


Género(s): Acção, Fantasia, MangaYakuza

Ano: 23/12/2006

Classificação pessoal: 7/10




A mostra de cinema japonês Nippon Koma, que decorreu entre os dias 3 e 8 de Dezembro de 2007, deu-me a oportunidade de conhecer o filme Tekkon Kinkreet, de Michael Arias, baseado na manga Tekkon Kinkreet (lançada com o nome Black and White nos E.U.A.), de Taiyou Matsumoto, e exibido nos cinemas de Tóquio em 2006.

A acção decorre em Takara Machi (Cidade do Tesouro), um lugar em que duas crianças de rua, orfãs, Kuro (Preto) e Shiro (Branco), conhecidos por Neko (Gatos), espalham o terror e promovem a violência, pois agem de modo a que a cidade não seja invadida por gangues nem indivíduos sedentos de poder, considerando-se, ambos, super-heróis e os protectores da cidade.

Kuro e Shiro são o oposto um do outro: o primeiro, o mais velho, tem uma personalidade que parece ter sido construída com base em todos defeitos da cidade: é rufião, destrutivo, corrupto, corajoso e duro para com ele mesmo mas, ao mesmo tempo, demonstra muito carinho por Shiro, fazendo tudo para o proteger; o segundo é infantil, amável, inocente, sofrendo constantemente por não gostar da cidade. Uma ferramenta que utiliza para fugir da realidade é a imaginação.

A pouco e pouco, problemas de maior importância começam a chegar à Takara Machi. Apesar dos polícias e os yakuza trabalharem juntos, estes têm estado ausentes. No entanto, um yakuza local regressa e promete apoderar-se da cidade, fazendo renascer o seu negócio falido. Contudo, uma ameaça ainda maior é inevitável: o Sr. Hebi (Cobra), cujo objectivo é deitar a cidade abaixo para construir um enorme parque de diversões. Ao constatar que a sua cidade (como Kuro se refere à Takara Machi) está em perigo, os dois rapazes fazem tudo para a salvar, enfrentando Hebi e os seus capangas.

A simbologia é uma característica marcante em Tekkon Kinkreet. Os nomes utilizados (cujo significados foram referidos) são prova disso. Considero fundamental aprofundar esta questão no que diz respeito aos protagonistas: a amizade entre Kuro e Shiro representa a batalha entre o bem e mal (não é por acaso que têm personalidades opostas). A escuridão domina Kuro e a luz faz parte da natureza de Shiro. Algo curioso que acontece no filme é que, quando, devido a certas circunstâncias, Kuro e Shiro são separados, o primeiro, sem a luz do amigo, acaba por ser tentado pelo seu demónio interior, sendo depois salvo por Shiro, pois sempre acreditou nele.

Além disso, a história chama a atenção para realidades que fazem parte do nosso dia-a-dia: a mudança, a maturidade, o conflito, a ligação das pessoas a um determinado lugar. Algo surpreendente é que, apesar de Kuro e Shiro sobressaírem ao longo da acção, todos os personagens foram profundamente pensados, ou seja, fora dado relevo ao seu background, o que faz com que o espectador assista e, consequentemente, viva realidades diversas.

Algo que comprova o prestígio deste filme é o prémio arrecadado de Melhor Filme de 2006 no Mainichi Film Awards.

Pessoalmente, gostei bastante do filme. Apesar de não me sentir muito atraída pelo character design, assim que comecei a entrar dentro da história, apercebi-me de que tinha feito a escolha certa ao ter pago dois euros na Culturgest.

Shining Tears X Wind


Género(s): Aventura, Fantasia, RPG

Número de episódios: 13

Ano: de 07/04/2007 a 30/06/2007

Classificação pessoal: 7/10




Esta história é sobre aventureiros que viajam dentro do mundo do coração. Esta história inacreditável tem início no mundo em que todos vocês vivem.

A Academia St. Luminous começa a tomar conhecimento de pessoas que desapareceram misteriosamente em Tatsumi Town. Souma Akizuki, Touka Kureha, Kaito Kiriya, Kanon Seena, Haruto Saionji e Reia Hiruda provavelmente não sabiam que este problema seria mais difícil de resolver do que os outros a que estavam habituados. Já depois da reunião ter sido dada por terminada, Souma tem de voltar atrás porque se esquecera do telemóvel. É com surpresa que repara num livro que Hiruda tinha estado a investigar, cujo título é End Earth e que contém uma descrição pormenorizada sobre o outro mundo.

Nessa mesma noite, chega a Elde (o mundo real) um ser do outro mundo, Mao, que procura por Zero, um amigo de longa data. Já no dia seguinte, um beastman ataca Souma e Kureha, e Mao corre em seu socorro, explicando, após este incidente, os motivos que a levaram a deixar o seu mundo. Contudo, a criatura consegue libertar-se das cordas que a prendem, dando um golpe em Mao, acabando por partir o Mirror of Dimension, que transporta os três para o End Earth.

Todavia, no mundo interdimensional, Zero, um rapaz com uma asa branca e outra preta, possuidor dos Twin Dragon Rings, encontra-se com Souma e Kureha, apresentando-se como o guardião do mundo e pedindo a Souma que ocupasse o seu lugar a partir daquele momento - é aqui que começa a verdadeira aventura.

Apesar de, inicialmente, o objectivo dos estudantes ser sair daquele mundo, eles acabam por participar numa guerra, cuja finalidade é obter o item lendário, Holy Grail. Mais tarde, Zero confessa a Souma que é impreterivelmente necessário fazer com que Zeroboros, o guardião do tempo e do espaço, permaneça adormecido para que não se dê o fim do mundo.

14 de fevereiro de 2012

A simbologia por trás de Death Note


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Tenho a certeza que todos os fãs de Death Note já se aperceberam do grande relevo que esta obra dá à simbologia, principalmente cristã. Tal para mim não era óbvio no início, contudo, às tantas, comecei a dar-me conta da enorme carga de símbolos presente no anime (não li a manga, mas como sei que a história não difere em quase nada - talvez a manga tenha poucos pormenores a mais que o anime - arrisco-me a dizer que o mesmo se passa na banda desenhada). Pensei, reflecti e pesquisei no "Dicionário dos Símbolos", de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, cujas transcrições estão marcadas com um asterisco, e, com a ajuda dos meus irmãos e do meu amigo João, tirei conclusões, que passo a apresentar de seguida, acompanhadas de imagens da série.

É fundamental frisar que, apesar de parte deste registo corresponder ao que é explicitamente mostrado em Death Note, algumas destas anotações são probabilidades/hipóteses ou pontos de vista pessoais.

- Rosa - Segundo abertura (What's Up People?!) - A rosa é, na iconografia cristã (...) o cálice que recolhe o sangue de Cristo (...)*

Misa aparece deitada sobre rosas, misturando-se com elas; ela é o suporte de Light e, sem a sua colaboração, ele não poderia atingir os seus objectivos tão facilmente. Entenda-se aqui que Light é o deus do novo mundo (Deus na Terra = Cristo). Deste modo, Misa recolhe o sangue de Light (ela sente na pele as consequências das ambições dele, embora tenha admitido que a única maneira de estar feliz era a seu lado, fazendo tudo o que estivesse ao seu alcance para o fazer feliz também);


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- Rosa azul - Segunda abertura (What's Up People?!) - Uma rosa azul seria o símbolo do impossível.*

É impossível para Light ser Cristo/Deus na Terra - não só é pecador, como possui um poder limitado quando utiliza o Death Note (atributos que são negados a uma entidade superior) - tal como o é a sua ambição (o facto de alguma vez poder construir um mundo perfeito);


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- Número 13 - Episódio 25 - Aparece quando se faz referência à regra falsa do Death Note, inventada por Ryuk: Se o dono do Death Note não matar dentro de 13 dias, depois ter lá escrito o nome de alguém, ele morre; Episódio 37 - Enquanto procuram por Light, Matsuda, Aizawa, Ide e Mogi reúnem-se ao pé do armazém nº 13 - Desde a antiguidade que o número 13 tem sido considerado como de mau agoiro. (...) Na última refeição de Cristo com os seus apóstolos, a Última Ceia, os presentes eram treze. A Cabala enumerava 13 espíritos do mal. O 13º capítulo do Apocalipse é o do Anticristo e da Besta. (...) De uma forma geral, este número corresponde a um recomeço, com este matiz pejorativo de que se trata mais de refazer qualquer coisa do que de renascer.*

No episódio 25 e 37, o número 13, cuja significação é atribuída ao mau agoiro e à morte (lembre-se que a carta de Tarot A Morte é o décimo terceiro Arcano Maior), surge pouco tempo antes de L falecer (ele já tinha ficado intrigado com esta regra do Death Note) e de Light morrer, respectivamente. Além disso, apesar de Light se considerar o deus do novo mundo, ele, no fundo, acaba por se revelar um Anticristo, pois trata-se de alguém que se opõe a Jesus Cristo em relação ao modo como faz o Bem e que, segundo a tradição Cristã, dominará o mundo nos últimos dias, antes que Cristo regresse pela segunda vez. Pode dizer-se que, em Death Note, o número 13 corresponde a um recomeço, que se trata mais de refazer qualquer coisa do que de renascer pois, logo após a morte do L, Light, ressuscitado, volta a agir em liberdade, como Kira, e, assim que Light morre, pressupõe-se não um surgimento de um novo mundo, mas sim uma reconstrucção do mesmo, isto é, uma mudança gradual, no sentido de se viver sem Kira;


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- Corvo - Primeiro encerramento (Alumina) e segunda abertura (What's Up. People?!) - Parece concluir-se de um estudo comparativo de costumes e crenças de numerosos povos que o simbolismo do corvo só recentemente adquiriu o seu aspecto puramente negativo (...) É considerado, com efeito, nos sonhos, como uma figura de mau agoiro, ligado ao medo da infelicidade. (...) no Japão, ele é (...) um mensageiro divino (...) Símbolo da perspicácia, no «Génesis» (8,7), é ele que vai verificar se a terra começa, após o dilúvio, a reaparecer por cima das águas (...) na Grécia (...) acreditava-se que eram dotados de poder de conjurar a má sorte. O corvo aparece muitas vezes nas lendas célticas onde desempenha um papel profético. (...) Ele seria também um símbolo da solidão, ou melhor, do isolamento voluntário daquele que decidiu viver num plano superior. (...) guia das almas na sua última viagem, pois, sendo psicopompo, ele penetra, sem se perder, o segredo das trevas.*

Remetendo a simbologia do corvo para Death Note, a sua ligação à infelicidade e ao poder de trazer má sorte poderá estar relacionada com o aviso que Ryuk fez a Light assim que este começou a aperceber-se do poder que tinha nas mãos: para aquele que utilizasse o "Death Note", só podia ser esperado um final trágico. Ainda assim, Light comporta-se, de facto, como um mensageiro divino (alguém enviado por Deus para fazer Justiça), dotado de grande perspicácia (ele, afinal, é um génio), que vive num plano superior, a que só ele pertence (tem mais poder que todos os que estão à sua volta, decidindo, assim, qual o seu destino). Esta ideia de possuir um poder divino e superior é transmitida por imagens da Zetsubou Billy: ele passa pelos automóveis sem sofrer qualquer dano e caminha numa direcção oposta à de todas as pessoas;


Imagens da Alumina:


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Imagem da What's Up, People?!:


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Imagens da Zetsubou Billy:


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- Maçã - Aberturas (The World e What's Up, People?!), primeiro encerramento (Alumina) e ao longo da série - Trata-se (...) duma forma de conhecimento, mas que é ora o fruto da Árvore da Vida, ora o da árvore da Ciência do bem e do mal: conhecimento unificador que confere a imortalidade, ou conhecimento separador, que provoca a «queda». (...) «comer a maçã significa (...) abusar da sua inteligência para conhecer o mal, da sua sensibilidade para o desejar, da sua liberdade para o fazer.(...)»*

A imagem da maçã, aparecida tantas vezes, ilustra a grandiosidade da sabedoria de Light que, mal utilizada, traz consequências irreversíveis (mais uma vez, alusão ao seu final trágico - a sua morte). Ao ser dono do Death Note, acede ao conhecimento separador, que provoca a «queda»). Light trinca a maçã em The World, ou seja, abusa da sua inteligência para conhecer o mal, da sua sensibilidade para o desejar (em vez de se restringir à eliminação daqueles que causam o caos e a desordem, deseja suprimir também os que se lhe opõem, dado que são pessoas que negam a existência de Kira como deus), da sua liberdade para o fazer (liberdade construída com base em esquemas mentais que é capaz de elaborar graças à inteligência que tem e que lhe permitem escapar aos golpes dos inimigos). Contudo, durante a série, Light oferece as maçãs a Ryuk, que as come - o Shinigami conhece, deseja e faz o mal, só que de uma forma mais discreta do que Light, isto é, divertindo-se com a tragédia que tem o seu início assim que Light se assume como dono do Death Note.


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A cena de Light a estender uma maçã a Ryuk, em The World, pode ser associada à famosa pintura de Miguel Ângelo, A Criação Do Homem, que se encontra representada na abóbada da Capela Sistina, em Roma. Em Death Note, pode dar-se outro significado: Ryuk, o
Shinigami, encontra-se por cima de Light, representando o papel de Deus, pois Ryuk criou Kira, que é Light. Na sua mão, encontra-se uma maçã, provavelmente um símbolo de oferenda por parte de Light por Ryuk o ter transformado num deus;


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- Cruz - Primeira e segunda aberturas (The World e What's Up, People?!, respectivamente) e segundo encerramento (Zetsubou Billy) - A cruz possui também o valor dum símbolo ascensional. (...) A tradição cristã enriqueceu prodigiosamente o simbolismo da cruz, condensando nesta imagem a história da salvação e da paixão do Salvador. A cruz simboliza o Crucificado, o Cristo, o Salvador, o Verbo, a segunda pessoa da Trindade.*

Light ascende cada vez mais, deduzindo-se que a sua queda será bastante grande, o que acaba por se confirmar (em Zetsubou Billy, Light está a subir num elevador, até que, no final da música, aparece como que derrotado, entendido no chão, num estado de choque/aflição). Ele é o crucificado (arrisca a sua segurança, e até a vida, pelo Bem no mundo), o cristo (deus na Terra, como já foi referido anteriormente) e o salvador (o indicado para fazer Justiça e construir um mundo melhor);


Imagem da The World:


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Imagem da What's Up, People?!:


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Imagens da Zetsubou Billy:



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- Sinos (som dos) - Episódio 25 - L, durante o episódio inteiro, diz que ouve o barulho dos sinos - (...) o Cânone budista pali compara as «vozes» divinas com o «som de um sino de ouro». (...) Mas o barulho dos sinos (...) tem universalmente um poder de exorcismo e de purificação: afasta as más influências, ou pelo menos avisa da sua aproximação. (...) A campainha (...) simboliza o chamamento divino, em todo o caso uma comunicação entre o céu e a terra. (...) o sino tem também o poder de entrar em relação com o mundo subterrâneo.*

Após ouvir o som dos sinos durante algum tempo, L morre. A ligação entre este barulho e a aproximação da morte é algo que muitas vezes é demonstrado em anime (como, por exemplo, em Shinigami no Ballad);


- Lua cheia - Primeira abertura (The World) e ao longo da série - Antes de mais nada, convém lembrar que a lua influencia fortemente o ser humano. Passando do geral para o concreto, a lua cheia (ou seja, quando está totalmente radiante e cheia de luz) simboliza a realização dos projectos (surge, muitas vezes, quando Light triunfa numa determinada situação).


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Curiosa é a última imagem da lua na série: em vez de aparecer cheia, está no quarto minguante, o que pode significar que a era de Kira acabou, que os seus planos terminaram;


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- Naomi com Raye Penber nos braços - Primeira abertura (The World) - Imagem alusiva à Pietá de Miguel Ângelo;



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- Traição - Na Bíblia, Judas trai Jesus e, por causa disso, Ele acaba por ser Crucificado. Este facto pode ser comparado a Death Note, na medida em que é devido à traição de Mikami (o facto de ter matado Takada sem ordens para isso) que Near acaba por descobrir o verdadeiro Death Note e, assim, ficar por cima de Light;


- Portões dourados - Segundo encerramento (Zetsubou Billy) - Podem ser vistos como os Portões para o Paraíso porque ser deus é o principal objectivo de Light;


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- L limpa os pés a Light - Episódio 25 - A cerimónia do lava pés, contada na Bíblia, tem lugar antes da Última Ceia, e é quando Jesus lava os pés aos seus discípulos, como sinal de humildade e de honra para com eles. Em Death Note, L limpa os pés a Light, pouco tempo antes da sua morte: apesar de aqui o papel de Cristo ser desempenhado por L, tal não é inconveniente, pois, ao agir assim perante Light, L mostra respeito e admiração por alguém que ele, no fundo, admite ser superior a ele.


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Antes de finalizar, gostaria de dar a entender que todas as palavras que citei ao longo do post têm uma simbologia muito mais abrangente do que a indicada. O que se coloca aqui em questão é o facto de não fazer sentido indicar significações que não estivessem de acordo com a possível finalidade em Death Note de mostrar e fazer referência a determinados símbolos.